Produtividade em 45 anos: como o calcário ajudou o agro e a alimentação

A aplicação de corretivos agrícolas, como o calcário, ajudou o agronegócio brasileiro a prosperar e a população a se alimentar. O avanço se deu sem a necessidade de dispor de novas áreas na mesma proporção, o que representaria, para os produtores, maiores custos, e para a natureza, espaços que poderiam ser preservados.

A conclusão vem de dados envolvendo um dos itens que mais cresceram na agricultura nacional – a produção de grãos. Números do governo, divulgados pelo perfil Nutrientes pela Vida, apontam que, entre os anos de 1975 e 2017, a produção desse tipo de cultura saltou de 38 milhões para 236 milhões de toneladas.

Nesse mesmo intervalo de tempo, enquanto o volume colhido cresceu 6 vezes, o plantio atingiu apenas o dobro da área.

“A aplicação de corretivos, como o calcário, tem efeitos na produtividade e na questão ambiental. Também estamos notando que tem sido importante na redução do estresse hídrico que está ocorrendo no país ao longo dos últimos 20 anos”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), João Bellato Júnior.

A Abracal apura os dados desde 1987. Naquele ano, a produção brasileira de calcário atingiu 13,5 milhões de toneladas. O consumo em 2020 chegou a 45,3 milhões de toneladas.  Os dados completos estão neste site – clique aqui.

Soja: mais por hectare

Um recorte nos vários tipos de grãos mostra o peso desse avanço. O país é o maior produtor mundial de soja. Em 45 anos, segundo a Aprosoja, o total colhido subiu perto de 5 vezes, com estimativa de 135 milhões de toneladas na safra atual.

As fronteiras agrícolas também foram impactadas pela correção do solo. No mesmo período, o consumo de calcário no Mato Grosso, campeão nacional de produção de soja por estado, cresceu quase 5 vezes. O salto foi de 3 vezes no Paraná, segundo colocado no mesmo ranking.

Em regiões de Cerrados, como o Mato Grosso, a correção de acidez compõe o pacote de medidas que impulsionaram a produtividade. A prática da calagem ganha força em sistemas como o plantio direto – adotado em 90% dos cultivos de soja.

Calagem é bom negócio

“A correção da acidez do solo diminui notavelmente o desperdício do fertilizante. A correção traz uma vantagem, já que o fertilizante é caro e é importado, enquanto o calcário é nacional e disponível fartamente em todo o Brasil”, reforça o diretor da Abracal, engenheiro Fernando Carlos Becker.

Para Becker, os benefícios também aparecem na planilha do produtor. “O efeito da correção de solo perdura por mais de 5 anos. Isto representa o retorno do investimento em calagem em 3 anos, ou seja, é um bom negócio”, afirma.

Os maiores pesquisadores agronômicos brasileiros afirmam que em terra ácida perde-se até 40% do fertilizante aplicado. Quanto mais próximo de 7 o pH do solo, que é o ideal, menor é o desperdício.

“O consumo de calcário no país deveria ser de 70 a 80 milhões de toneladas anuais. Nosso desafio pela frente ainda é grande”, avalia Bellato.

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