Crise dos fertilizantes: faturamento ameaçado no agronegócio

A crise dos fertilizantes está tirando o sono do agronegócio brasileiro. A elevação dos preços do insumo já ameaça o faturamento dos produtores rurais.

Sem saídas emergenciais para a alta nos custos, a alternativa é investir na qualidade do solo. Indicações envolvem o uso de outros insumos, como calcário e gesso. A aplicação desses produtos eleva o potencial do fertilizante na terra.

A mensagem tem sido levada, por exemplo, pela indústria de calcário aos clientes. “O fertilizante é necessário, mas aplicar fertilizante num solo sem correção de acidez significa, quase sempre, desperdício”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), João Bellato Júnior.

“O calcário é um dos insumos que garantem que o fertilizante reagirá melhor no solo”, cita Bellato.

Juntos, temor e busca de alternativas

Nos eventos e reuniões sobre o tema, há um misto de temor e busca de alternativas. No ano passado, o efeito cambial afetava o custo dos fertilizantes. O complicador mais recente foi o conflito na Ucrânia, que envolveu ainda Rússia e Bielorússia. Essa região é uma das principais fornecedoras do insumo aos brasileiros.

Em audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) informou que, esse ano, o valor consumido pelas importações de fertilizantes cresceu 178%. Já o volume importado aumentou apenas 16% no período janeiro-maio.

A margem de faturamento do agricultor se encontra bem restrita. As oscilações dos preços internacionais de culturas como soja e milho ampliam as incertezas.

Fórmulas com NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), as mais usadas na agricultura brasileira, até apresentam alternativas de abastecimento no mercado mundial. Porém, algumas delas, como a 04-14-08, registraram elevação próxima de 100% nos preços em 12 meses, segundo a CNA.

O Brasil importa 90% do volume total de fórmulas NPK usadas na agricultura.

Custo repassado

Outro complicador é o óleo diesel, que encareceu 56% em 12 meses. “Infelizmente a elevação de custos precisa ser repassada. A agricultura sempre trabalha com uma margem muito estreita de lucro”, informa a CNA.

Como saída, o governo apresenta o Plano Nacional de Fertilizantes, que prevê incentivo às indústrias nacionais. No entanto, medidas emergenciais esbarram em situações, como a falta de estudos sobre onde estariam as jazidas de matéria-prima no país e se a exploração é viável. Apenas 26% do território nacional estão mapeados.

A busca por novos países fornecedores também consta da pauta, como medida imediata.

Em eventos como o SolloAgro Summit 2022 há registro de agricultores preocupados com o cenário. Profissionais relatam que, quando procurados, apontam como alternativas imediatas insumos como calcário e gesso, até que surja uma solução para o custo do fertilizante.

Bellato reforça que fertilizante e calcário se complementam. O entrave também está no fato de o primeiro produto ter cotação em dólar. Como resultado, uma tonelada de uma fórmula como 04-14-08 custar o equivalente a 16 toneladas de calcário – que, como o gesso, é nacional.

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