O calcário agrícola é um dos instrumentos que o governo federal adotará no Plano Safra 2023/2024 para incentivar a produção ambientalmente sustentável. Haverá redução das taxas de juros para quem adotar a recuperação de áreas de plantio e pastagens, além de premiação para os produtores que adotam práticas sustentáveis.
A partir deste ano, o Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (Moderagro), presente no plano, financiará também correção de solo, com utilização de calcário e outros produtos.
Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), João Bellato Júnior elogiou as medidas. O lançamento do plano ocorreu nesta terça-feira, 27 de junho, em Brasília.
Em seu discurso, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse que o calcário é uma importante tecnologia para que o plano apresente bons resultados. Ao final do ato, Fávaro afirmou a Bellato que “2023 será um ano de muito trabalho para a indústria de calcário”.
O presidente Luís Inácio Lula da Silva disse que o objetivo é, a cada ano, ampliar o volume de recursos do plano, que, nesta edição, prevê R$ 364,22 bilhões para apoiar a produção de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024.
O crédito será usado para produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e demais. O valor é 27% maior do que o plano anual anterior.
Do total, R$ 272,12 bilhões vão para custeio e comercialização. Juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano no Pronamp e de 12% para os demais produtores.
Segundo o Ministério da Agricultura, produtores rurais que já estão com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e também os que adotam práticas mais sustentáveis serão premiados. Quem usar calcário, entre outros corretivos, terá redução de 0,5 ponto percentual nos juros de custeio. A regulamentação do benefício será feita nos próximos dias.
Hoje, o país utiliza perto de 57 milhões de toneladas de calcário. A Abracal estima que o consumo deveria perto de 70 milhões. Calcário ajuda a reduzir a acidez natural do solo no Brasil. A produtividade cai em solos ácidos, além de afetar o rendimento de outros corretivos – como os fertilizantes.
Ano de muito trabalho para indústria de calcário
Confira a avaliação do presidente João Bellato Júnior sobre o evento de lançamento do Plano Safra.
“Foi um grande evento, com presença maciça de lideranças politicss, ministros de diversas áreas e dirigentes da Embrapa e Banco do Brasil. Ficou claro nas palavras do presidente Lula e dos ministros Mercadante e Marina Silva que este governo busca se aproximar do setor Agropecuário Brasileiro. Claro que ainda há questões a serem avaliadas, como a taxa de juros Selic.
O ministro Carlos Fávaro me pareceu muito empenhado politicamente a engrandecer o agronegócio brasileiro. A ministra Marina Silva lembrou que temos muitas áreas degradadas e devemos usar nossa tecnologia para não promover desmatamentos.
Em seu discurso, Fávaro frisou o uso do calcário com ênfase em sua necessidade, algo que até então, em meus 36 anos neste segmento, nunca tinha ouvido. Especialmente aos industriais do calcário, quando fui agradecê-lo pelo plano, disse que conta conosco e que nos preparemos para trabalhar muito de hoje até fim do ano pois a demanda será muito grande.
A mensagem que fica, a meu ver, é o fim desta disputa política e o reconhecimento do agronegócio brasileiro, independente de bandeiras partidárias”.