Aplicar calcário é fundamental, mesmo com fertilizantes mais baratos

Os preços dos fertilizantes no Brasil vivem uma fase de recuo, após altas consideráveis a partir de 2020. Porém, mesmo com essa pressão menor sobre os custos do agronegócio, o cenário se mostra preocupante.

Há o risco de os produtores retomarem seu uso sem fazer a correção da acidez do solo, com uso, por exemplo, de calcário. Essa prática gera perda de produtividade no agronegócio e lucratividade para os agricultores.

O temor foi manifestado pela Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal). Cooperativas e pesquisadores também se mostram preocupados. Estudos apontam que, em solo ácido, a reação do fertilizante é menor entre 30 e 66%.

“O calcário e o fertilizantes precisam ser aplicados em conjunto, de forma planejada. Nosso produto é nacional, e o fertilizante, importado. Usar fertilizante sem a correção da acidez representa perda de divisas para o país”, afirma João Bellato Júnior, presidente da Abracal.

Estudo da Federação da Agricultura de São Paulo (Faesp) aponta que o fertilizante formulado 04-14-08 está 36% mais barato do que há um ano, no período encerrado em abril último. A fórmula custa cerca de R$ 2.250,00 a tonelada, ou 10 vezes o preço médio do calcário citado no estudo. Já a ureia agrícola recuou 38% para o produtor paulista.

O temor com a perda de divisas aumenta pelo fato de os maiores consumidores de fertilizantes serem estados com a economia baseada no agronegócio, como Mato Grosso e Goiás.

Agricultor deixa de ganhar

A Cocamar, cooperativa que atua no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, vai conscientizar os seus 16 mil associados por meio do programa “+Calcário, +Produtividade”. A ação reforça que um dos limitadores da produtividade é a utilização em quantidade inadequada ou a falta da aplicação do corretivo.

“Quem não usa, está deixando de ganhar”, afirma o gerente técnico da Cocamar, Rodrigo Sakurada, doutor na área de solos. “Não há um engenheiro-agrônomo ou técnico que conteste a importância do calcário, nem que ele possa ser retirado de um planejamento de safra”, enfatiza Sakurada, em nota divulgada pela cooperativa.

O consumo de calcário, no ano passado, ficou em 56,8 milhões de toneladas. “Análises técnicas apontam que o consumo anual deveria ser de 80 milhões de toneladas”, diz Bellato – veja aqui.

O governo federal e estados como São Paulo e Rio Grande do Sul estudam formas de incentivar o uso dos corretivos agrícolas.

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